terça-feira, 27 de julho de 2010

"ligeirinho, ligeirinho"

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“Quando agora entro numa livraria e olho à esquerda e à direita e só vejo aqueles livros que estão a sair, com aqueles títulos e capas, a que dantes chamávamos “livros de gare”, que se vendiam nas estações, pergunto-me o que estão a fazer os editores, o que trazem aos novos para comprarem e darem aos amigos? Porque há uma responsabilidade no que se edita. E a verdade é que os grandes escritores actuais talvez sejam menos conhecidos do que uns tantos que escrevem ligeirinho, ligeirinho. Ficamos entre o futebol e esses livros. Não percebo para onde vão”.

Isabel da Nóbrega

(Foto retirada
daqui)

1 comentário:

  1. Hoje não posso subscrever a citação.
    Desde logo me causa estranheza o que são os grandes escritores actuais… Philip Roth, Jonhathan Litell, Andrés Neuman, Bolano, Lobo Antunes, Gonçalo Tavares…? [apenas para citar alguns]. São-no, de facto.
    E Hemingway, Faulkner, Maugham, Beckett, Yourcenar, Duras, Aquilino, Torga,… [também para citar apenas alguns], são ainda grandes escritores actuais ou já são clássicos? Acrescento, ainda, Wilde, Proust, Flaubert… clássicos, como Eça, Camilo, Balzac, Victor Hugo, Stendhal… ou, indo mais atrás, Vieira, More etc etc até aos Antigos…?

    Esse grande escritor actual não me situa, não me esclarece, cria-me, mesmo, certa perplexidade.

    E o que é não ser grande embora actual, o ligeirinho,… Isabel Allende, Zafón, Dan Brown, Nicholas Sparks, Miguel Sousa Tavares, Margarida Rebelo Pinto? Os best sellers?

    Os editores editam e reeditam. Editam os novos e ressuscitam os clássicos… E colocam-nos nos escaparates, nas bancas, nas prateleiras [nestas para aqueles que sabem o que procuram], existindo ainda os funcionários, em algumas livrarias bem sabedores do que têm e do que recomendar a novos e menos novos.

    Fiquei ainda sem entender o pretendido… que existam estantes, bancas light, calóricas e ainda as de difícil digestão? Que os GRANDES não coabitem com os rosa/light?
    O público é heterogéneo, logo os títulos devem estar a par, de modo a atender a todos os leitores. Porque, light, best seller, menor, importa que estes vendem. E posto que vendem, nascem leitores. E destes, uns passarão para outro tipo de leitura, outros quedar-se-ão por essa. Mas importa ler, criar o hábito, depois se verão os percursos e opções.

    Que existam livrarias temáticas, acho aliciante, mas nas restantes, generalistas, globalizantes, não pode, nem deve, existir sectarismo. Se os livros depois se acotovelam ou guerreiam, esses são já diálogos entre eles mesmos que, provavelmente, terão a sua hora na calada da noite quando as portas encerram :)

    E termino por onde iniciei… escritores actuais… não é Eça ainda tão actual em muitas das suas considerações?
    E Victor Hugo? Deixo deste um excerto do seu discurso no Congrès de la Paix, 21 de Agosto de 1849, discurso premonitório,

    Un jour viendra où vous France, vous Russie, vous Italie, vous Angleterre, vous Allemagne, vous toutes, nations du continent, sans perdre vos qualités distinctes et votre glorieuse individualité, vous vous fondrez étroitement dans une unité supérieure, et vous constituerez la fraternité européenne, absolument comme la Normandie, la Bretagne, la Bourgogne, la Lorraine, l'Alsace, toutes nos provinces, se sont fondues dans la France. (…) Un jour viendra où l'on verra ces deux groupes immenses, les États-Unis d'Amérique, les États-Unis d'Europe, placés en face l'un de l'autre, se tendant la main par-dessus les mers, échangeant leurs produits, leur commerce, leur industrie, leurs arts, leurs génies, défrichant le globe, colonisant les déserts (…)

    Mais actual do que isto ?

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