Quem diria...

“Na minha opinião conheço uma única forma decente de lidar com as mulheres: um murro para as pôr na ordem, uma açorda de mariscos a seguir e pouca confiança para evitar abusos”.

“Os homens podem não ser grande coisa, mas se as mulheres só existissem a partir das onze, deitadinhas no colchão a dormir, sem nos aborrecerem com solicitudes, ternuras, exagero e baton, garanto que era facílimo viver.”

António Lobo Antunes

(Foto retirada daqui)

Prof. Adriano Moreira

O ano lectivo de 1972/73 fica na história de “Económicas”.
Pelo assassinato de Ribeiro Santos e pelas consequências imediatas que teve.
A sua morte provocou uma onda de revolta e contestação em toda a Academia, mas obviamente, e com incidência especial, na Faculdade do Quelhas.
E por isso, pela primeira vez, e para evitar muitas concentrações…os caloiros, em número que rondava os 1000, foram repartidos por três escolas: cerca de 400 ficaram no então “Instituto Superior de Economia”, 350 foram para o “ISCTE”, e os restantes para o “ISCSPU”.
Fui “incorporado” neste último grupo.
Ora o “ISCSPU” era o Instituto “de” Adriano Moreira, que o dirigia.
E dele apenas sabíamos que era um “ex-ministro” de Salazar, em tempos apontado como um dos seus “delfins”, a par de Franco Nogueira e Marcelo Caetano.
“Noções Fundamentais de Direito”, era a sua cadeira.
Recordo que a “teórica” começava às 8,30.
Auditório repleto.
Às 8,25 o Professor entrava, seguido dos seus assistentes, o último dos quais fechava a porta. Silêncio total.
E começava a aula.
O tempo passava sem ninguém dar por isso, tal a atenção prestada às suas palavras.
Passaram 38 anos, mas quero aqui deixar o meu apreço e reconhecimento ao Homem de Cultura, ao Professor Insigne, Competente e Pedagogo, que transformava matéria árdua em agradável história que íamos seguindo, interessados e entusiasmados.
As suas aulas eram Lições da arte de bem ensinar.

(Foto retirada daqui)

Vivaldi e Bach

Há talentos cujo reconhecimento é subjectivo, dependendo das épocas, dos lugares e até das circunstâncias. Mas alguns recolhem consensos generalizados. Os que ninguém discute.
Antonio Vivaldi (1678-1741) e Johann Sebastian Bach (1685-1750).
Contemporâneos.
De Bach diz-se que é genial. E é. De Vivaldi que é excelente. Talvez mais do que isso.
Se estudarmos as suas biografias, perceberemos rapidamente que se um deles influenciou o outro, é Vivaldi que surge em lugar proeminente.
Alguns dos mais de 450 concertos escritos por ele foram transcritos por Bach para cravo, e mesmo outros para orquestra, o que diz bem da admiração que o génio alemão sentia pelo mestre de Veneza.
E vem bem a propósito recordar estes dois músicos superiores.
Porque ambos morreram a 28 de Julho.

"ligeirinho, ligeirinho"

“Quando agora entro numa livraria e olho à esquerda e à direita e só vejo aqueles livros que estão a sair, com aqueles títulos e capas, a que dantes chamávamos “livros de gare”, que se vendiam nas estações, pergunto-me o que estão a fazer os editores, o que trazem aos novos para comprarem e darem aos amigos? Porque há uma responsabilidade no que se edita. E a verdade é que os grandes escritores actuais talvez sejam menos conhecidos do que uns tantos que escrevem ligeirinho, ligeirinho. Ficamos entre o futebol e esses livros. Não percebo para onde vão”.

Isabel da Nóbrega

(Foto retirada daqui)

Dois Génios

Fritz Kreisler (1875-1962) e Agostinho da Silva.
Kreisler foi um virtuoso do violino, a tal ponto, que era reconhecido mal se ouvia uma gravação sua, em discos pesados de 78 rotações. Exímio executante, está hoje muito esquecido.
O nosso Agostinho da Silva era melómano.
E no tempo das velhas grafonolas, ouvia Kreisler a interpretar as sonatas de Beethoven, no silêncio da madrugada, com o seu gato ao colo, em êxtase total, repetidamente, noite após noite. Era o seu violinista preferido, e nestas coisas de ídolos, nunca nos cansamos.
Pensa-se (ele nunca o disse) que encontrava na música do Mestre alemão e na execução sem mácula de Kreisler, a Liberdade possível.

Inseminação artificial

Foi uma autêntica “revolução” na vida dos casais inférteis.
A inseminação artificial resolveu o problema, e o trauma, de homens e mulheres que em condições normais, não poderiam ser pais.
Foi a 25 de Julho de 1978 que nasceu Louise Brown (à esquerda na foto), em Inglaterra, o primeiro “bebé-proveta”. Há 32 anos. É enfermeira.
Portugal “esperou” oito anos, e em 1986 nascia Carlos Saleiro, jogador de futebol do Sporting. O nosso primeiro “proveta”.
Curiosamente, não têm gémeos, o que acontece em cerca de 25% destas gravidezes.

Alexandre Dumas

"Todos por um e um por todos".

Athos... Porthos... Aramis... d'Artagnan.

Três que afinal...eram quatro.

Lutando pela sua causa, contra arbítrios de espécies várias.

Tema sempre actual.

Alexandre Dumas. Hoje.

Roubo

Eu sei que os animais comem todos os dias.
E se um periquito quase não conta num orçamento, o mesmo não se dirá de um leão.
Eu sei que é preciso pagar aos tratadores, e aos outros funcionários.
Mas quem entra no Jardim Zoológico, antes de chegar aos animais, passa por mais de duas dezenas de cafés, restaurantes e lojas diversas, as quais, seguramente, proporcionam à Administração daquele espaço, uma receita considerável.
Assim sendo, como justificar o preço de entrada para visitar o Jardim?
16 euros e meio.
Em escudos, 3 mil e trezentos…
E reparem que é apenas para entrar, porque depois paga-se à parte os golfinhos, as cobras…e não fica por aqui a lista.
Em bom português, é roubo.
Que afasta, naturalmente, hipotéticos visitantes.

"Viva a República 1910-2010"

Na Cordoaria, a Exposição "Viva a República 1910-2010" merece visita demorada.

Partindo dos anos 80 do século XIX, e indo até 1933, mostra-nos a evolução do Pensamento, os acontecimentos, os protagonistas, os pormenores, a acção.

Não cansa.

Aprende-se.

Recomendo vivamente.

Hemingway

"A man can be destroyed but not defeated".

Fragilidade...

Há crise de lideranças.
E sem lideranças fortes, o resultado é a crise.
Os partidos políticos utilizam as suas clientelas para o imediato, não cuidam nem se preocupam com o futuro, a preparação e formação, e mesmo as juventudes políticas parecem cópias do mau funcionamento dos seniores, não passando de alforge de recompensadores, e muitas vezes imerecidos, empregos. Claro que os “clientes” não se importam…
Não admira, portanto, a falta de quadros de qualidade, que se reflecte necessariamente, na mediania ou mesmo mediocridade dos que conseguem atingir o topo. Poucos e maus.
Comparem estes dois painéis de fotografias, separados por 35 anos.
Não interessa a cor partidária de quem quer que seja, importa reconhecer a distância brutal que separa o primeiro do segundo grupo. Em Cultura, perfil de liderança, carisma, preparação, experiência de vida, dom de palavra, coragem e…categoria.
Soares, Sá Carneiro, Cunhal e Freitas.
Sócrates, Passos, Jerónimo e Portas.
Entendem-me?
E agora… dois a dois:

Soares e Sócrates.
Sá Carneiro e Passos.
Cunhal e Jerónimo.
Freitas e Portas.

É demasiado claro para mais explicações.
Problema português.
Idêntico ao de todos os países europeus.
Por isso…estamos como estamos….em crise…

O primeiro café

É simpático, o empregado da pastelaria onde tomo habitualmente o primeiro café da manhã. Simples, veio para Lisboa ainda uma criança, trabalhar como marçano numa daquelas antigas mercearias que a cidade já não tem.
Quando comecei a frequentar o estabelecimento, dirigia-me um respeitoso “Muito bom dia!”, quase sempre em alto tom, acompanhado de um sorriso, próprio de quem encara a vida com redobrado optimismo. Duvido que lhe respondesse com a mesma alegria, porque de manhã, antes do café, estou perto do intratável. Mas respondia, claro, educadamente.
Passaram uns tempos, e um dia o nosso amigo saudou-me assim:
“Bom dia, jovem, tá bom?!”
Surpreendido…consegui responder:
“Bom dia, jovem já fui…mas bom estou”.
Ficou a olhar para mim, com o sorriso a desvanecer-se.
O “jovem” desapareceu da matinal saudação, até que um dia surgiu uma outra:
“Então patrão, a bica do costume, não é verdade?”
Menos surpreendido…respondi:
“A bica do costume, é mesmo verdade, e patrão não sou de ninguém, talvez nem mesmo de mim próprio!”
Desta vez, o sorriso desapareceu completamente.
E desde então, voltou o inicial “Muito bom dia!”, com o qual parece dar-se bem.
Eu, pelo menos, dou-me.

Feira Popular de Lisboa

Este cavalheiro foi, e é, o responsável.
Foi ele.
Fechou a “Feira Popular” em Outubro de 2003.
Interesses imobiliários nunca revelados…terrenos de Entre Campos…projecto megalómano, caríssimo e insultuoso para o Parque Mayer…nova Feira Popular em local diferente…
Passaram 7 anos!
Os interesses continuam por revelar…Entre Campos é um baldio…Parque Mayer uma ruína degradante e vergonhosa…nova Feira não há….
7 anos, repito.
Lisboa não tem nenhum espaço que se lhe possa comparar, um parque de diversões.
Como não tem outro “Monumental”, que Krus Abecassis teve o desplante de destruir.
Jantar uma “sardinhada”, comer umas farturas enquanto os miúdos andavam nos carrosséis…seria simples, mas existia a possibilidade, que agora não há.
E como a memória costuma ser curta, o tempo passa e tudo se desvanece em fumo…relembro esta cara, que ainda teve a desfaçatez de concorrer a novo mandato na Câmara.
Se tivesse ganho…o que mais teria acabado em Lisboa?

Billie

“Se imitas, estás a trabalhar sem qualquer sentimento real. Não há duas pessoas iguais, nem na música. Ou então não é música.
Se eu cantasse como qualquer outra, então seria melhor não cantar.”

E era mesmo “única”.

Excelente Oftalmologista

Os nossos tribunais condenaram-no em 2006 a sete anos e meio de prisão, e em 2007 a cinco e a seis anos (2 processos). Reparem nas datas.
Em Junho de 2008… Portugal pediu a sua extradição.
Em Dezembro desse ano (6 meses depois….) os advogados de defesa apresentaram recurso no Tribunal Superior de Justiça britânico.
E em Junho de 2010…a audiência em que este Tribunal deveria decidir a extradição ou a sua recusa, foi adiada pela sétima vez….para Novembro!
Ou seja, desde que Portugal a pediu, passaram 2 anos, mais meio ano vai passar, e decisão, nem vê-la!
“A Justiça é cega”, mas arranjou de há muito um excelente oftalmologista, e qualquer dia nem de óculos necessita…O próprio equilíbrio dos pratos da balança está de tal forma desajustado, que as estátuas, num futuro que se adivinha breve, terão um dos ombros descaído…
Não é arguido. É réu condenado. Várias vezes.
E vive tranquila e luxuosamente em Londres, passeia-se e dá entrevistas, parece brincar e gozar com a situação, indiferente à sua condição de burlão.

Nome?
Não é necessário.
Todos sabem de quem falo.

ZON..a!

Uma noite destas fiquei sem net. Por volta das 22 horas.
Uma hora depois, telefonei para o operador.
Confirmaram que havia avaria na zona, mas que “uma equipa técnica já está a tratar do assunto”. E que me contactariam entre as 9 e as 10 do dia seguinte.
Desconfiei.
Se apenas seria contactado na manhã seguinte….a equipa técnica deveria estar sentada confortavelmente no seu sofá, a ver televisão…
À 1 da manhã, voltei a telefonar para o operador.
Pedi o número da “equipa técnica”. Deram-mo. Acrescentando: “mas só atendem entre as 9 da manhã e as 23 horas”.
Confirmei…
A net voltou, efectivamente, às 10 horas da manhã seguinte.
E às 13,20 horas recebo no telemóvel a seguinte mensagem:
“Obrigado pelo seu contacto. Informamos que a avaria de zona está resolvida.”
Pensei.
“Mais vale tarde do que nunca”….
Mas o mais caricato estava para vir.
Às 18,35 horas, nova mensagem no telemóvel:
“Informamos que foi detectada uma avaria na sua área. Estão a ser desenvolvidos todos os esforços para a sua rápida resolução. Obrigado.”
Pensei novamente.

Se ficar sem net à noite...tenho de esperar pelo dia seguinte.

"Serviço 24 horas por dia"...é teoria...
E sorri.
Não digo o nome da operadora…
Afinal…a avaria foi na ZON..a!

Maria Alzira Seixo

No aconselhável programa “Câmara Clara” da RTP 2 (aos domingos, às 22,30 horas), Maria Alzira Seixo disse mais ou menos isto:

“Lamento que a “Peregrinação” não faça parte das leituras dos alunos portugueses. Mas ainda lamento mais, e tenho de o dizer, que a esmagadora maioria dos professores também não o tenha lido”.

Ouvi.
E pensei em Professores de Português que tive no Liceu, autênticas “enciclopédias” de Literatura portuguesa. Mestres.
Num tempo em que as estatísticas da união europeia não se sobrepunham à qualidade do ensino.
Não sei quantos existem nos dias de hoje, mas para eles a minha homenagem, pela tentativa de “remar contra a maré”.
Ouvi, repito.
Concordei em absoluto.
E tenho pena!

Frida

"Pés, para que preciso de vocês se tenho asas para voar?"

13 Julho 1954. Voou.
Faz hoje 56 anos.

Início

Em "Notas Soltas" colocarei...notas.

Soltas de qualquer constrangimento, receio de ferir susceptibilidades, acanhamento, politicamente correcto.

Livres.

Minhas.

Ao sabor do que acontecer, do que me apetecer, do que vejo e sinto. Do que penso.

Apenas.