quinta-feira, 14 de julho de 2016

Como hoje é o dia nacional da França, parece-me apropriado abordar aqui o que se passou no Europeu de futebol, esgotada a euforia, por vezes exagerada, dos primeiros momentos.
Ao longo dos últimos anos, ia ouvindo Ronaldo dizer que queria ganhar um título pela selecção. "Belo sonho", pensava, achando impossível a concretização do desejo.
Há meses, quando Fernando Santos espantou o país dizendo que seria campeão da Europa, sorri. "Outro sonhador", pensei para comigo.
Afinal...eu é que estava errado.
E Gedeão certo, porque, na verdade, "o sonho comanda a vida".
À medida que o campeonato ia avançando, a imprensa francesa, eufórica e sempre chauvinista, enaltecia a sua equipa, o que se compreende, mas denegrindo outras, sendo a portuguesa o alvo mais fácil. No fundo, Portugal sempre foi visto como o país das porteiras e dos pedreiros, ou seja, os baixos assalariados, sem qualificações e pretensões... Para além disso, o futebol praticado não era bonito, apesar de eficiente.
E nem mesmo alguns exemplos do passado, como a Grécia de 2004 ou a Dinamarca dos anos 90, retiravam a confiança francesa, engrandecida após a eliminação da Alemanha, campeões do mundo.
A final com Portugal seria um passeio, uma humilhação para os pedreiros e porteiras.
Não foi.
Antes pelo contrário.
E como, normalmente, quem não sabe ganhar não sabe perder, até já existem agora petições para que o jogo seja repetido...numa demonstração cabal de mesquinhez absurda, que importa não esquecer.
As porteiras portuguesas, heroínas ainda há pouco aquando dos atentados em Paris, levantaram o troféu, quais padeiras sem Aljubarrota, mas com o orgulho acicatado, e os pedreiros construíram um belo monumento à humildade e à crença, indispensáveis a quem quer triunfar.
Grande lição, mes amis!


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