tag:blogger.com,1999:blog-8136299201416555698.post5527552177312084320..comments2012-09-06T19:40:13.555+01:00Comments on Notas Soltas: EspontaneamenteJosé Quintela Soareshttp://www.blogger.com/profile/12184044651028422090noreply@blogger.comBlogger1125tag:blogger.com,1999:blog-8136299201416555698.post-74457857794171925112010-09-06T12:57:10.980+01:002010-09-06T12:57:10.980+01:00Havia um espaço da casa masculino, o escritório, a...Havia um espaço da casa masculino, o escritório, a biblioteca. Do salão, espaço comum, as senhoras ausentavam-se conhecedoras da hora certa de o abandonarem. Já a salinha, a cozinha eram os lugares de domínio feminino. A biblioteca guardava muitos mundos, aventuras, mas a cozinha é um universo sensorial, oculta a magia dos condimentos e o apelo dos odores. <br />Também os homens se apaixonam por relógios e canetas, e as mulheres amam as pérolas. Enquanto os relógios marcam o compasso do tempo e as canetas, sim, acamem à mão do seu dono, as pérolas vão mais além, transportam uma mensagem, criam uma intimidade singular, pois não apenas absorvem o odor da pele como ajustam a sua tonalidade à temperatura do corpo :) Há, teimemos ou não ser sermos iguais, uma diferença de género e sexo e a apetência pelos próprios objectos dizem-na. <br />Do mesmo modo que, dotadas da maternidade, as mulheres foram feitas para a paz e não para a guerra, também foram talhadas para mostrarem a sensibilidade, os afectos. Uma aprendizagem ancestral transmitida de avós a filhas e netas, profundamente enraizada, enquanto aos homens ensinaram a serem contidos. <i>Um homem não chora</i>, era a máxima transmitida desde que crianças, dando aos meninos o modelo do pater sério e formal. Se não chora, ainda que se emocione, guarda, resguardando-se. <br />O desprendimento destes constrangimentos é moroso, implica ultrapassar todas as normas de conduta aprendidas. Talvez por isso, os homens exprimam a emoção depois de demorada reflexão, e é a medo que pensam o amor, receosos de grilhões, enquanto as mulheres são mais espontâneas na mostra dos seus afectos, e não vêem estes como cativeiro, mas dádiva, entrega libertadora. O amor é um manual de intenções :), dedicação, devoção. Diz Rui Cinatti “Quando te cansares da vida, vai ao cais”, o cais é conforto, repouso e inscreve-se nas carícias de femininas mãos.<br />A justificação está no social, muitas mulheres abdicaram de uma carreira em nome do amor ou da do seu par [e evoco Alma Mahler que da sua prescindiu por vários amores], poucos homens tal optaram ou ousaram. A explicação está também na genética, <i>cromossomática</i> claro, homens e mulheres são diferentes também no corpo. <br />Porém, nenhuma civilização ou geração prescindiu da beleza, nenhuma prescindiu também do amor. <br />Emoção, Razão… diz Giselle Fleury, acerca de <i>De Profundis</i> de Wilde, que Razão é ver sentido no que se faz, e só o amor pode fazer coisas absurdas fazerem sentido. Talvez haja que insistir neste raciocínio repetindo-o à metade masculina da Humanidade :)teresa maremarhttps://www.blogger.com/profile/15411378717631384170noreply@blogger.com